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Te quero de quatro
No quarto
Que sintas prazer
De fato
E todo meu amor
Te quero suada
De olhos virados
Gemendo e gritando
Como um instrumento afinado
Que só eu sei tocar
Quero beijar sua boca
Te morder as costas
Do pescoço
Até as nádegas
Te arrepiar toda
Para você
Nunca me esquecer
Te dizer ao ouvido
A poesia que me inspiras
Te levar comigo
Ao paraíso
Que é onde eu vivo
Quando estou com você
Quero ser autêntico
Todo dia diferente
Ardente
Para que me queiras
Para sempre
Venho de um tempo em que o sexo
era tabu, proibido, coisa de pervertido. Era feito escondido, não se falava, não se comentava, nem entre quatro paredes,
não se aprendia. Não se falava nada explícito, tudo tinha um apelido e era
motivo de vergonha. Houve um tempo em que eu não sabia do poder das palavras
ditas ao ouvido, que os líquidos da libido vêm da imaginação. Tempo em que tinha
pressa de chegar ao resultado final, não sabia que a maior curtição da viagem
era o caminho, que não vale a pena chegar lá sozinho e que o prazer dela é que
é o meu verdadeiro prazer.
A nossa cultura e costumes nos
reprimem e nos priva da plenitude da vida. O conhecimento é pecado, a fé cega é
que é um valor. O prazer é proibido, pois o paraíso não é aqui. Temos que
aprender sozinhos e do jeito errado, mas errando e observando, se praticar,
chega-se lá.
Tudo existia, mas era reprimido,
então eu pensava que era só comigo, só eu queria correr perigo, dar vazão aos
sentidos e ver o que há atrás do muro. Quando eu lia histórias sexuais
verídicas em revistas masculinas, achava que era tudo mentira, apenas contos
bem contados. Coisas impossíveis de acontecer, pois todos eram puritanos e só a
ficção poderia dar vazão à fantasias e desejos.
Até que um dia eu caí na vida,
conheci mulheres modernas, decididas, livres de pecado e censura, aptas a um
maior prazer. Surpreso eu fiquei. Coisas parecidas com as histórias que eu lia,
e até com muito mais adrenalina e mais picantes, começaram a acontecer comigo.
Descobri que meu tapa na bunda tinha a força certa e que o tapa é na bunda, mas
é sentido na cabeça. Que elas gostam de ouvir um safada, cachorra, vadia… Que
eu tinha a pegada certa e que se era para assoprar eu assoprava, mas se era
para morder eu mordia. Que em umas a barba espeta e em outras derrete e
arrepia.
Aprendi a falar o que sentia e o
que queria, aprendi a falar o que elas queriam ouvir e que o que elas queriam
ouvir era o que eu queria falar. Que o sexo é verbal, é visual, é extrassensorial,
é química, física, magia... É como dirigir numa estrada, tem que estar ligado,
atento às curvas, ao tráfego e obstáculos, saber a hora de acelerar, de frear e
virar o volante, a velocidade certa e hora de ultrapassar, para não bater nem
atropelar ninguém e curtir a viagem. Tudo em volta é importante, chegar não é
importante, é só uma consequência inevitável. É preciso estar atento, tirar os
sentidos do umbigo, aí pode-se andar por uma estrada desconhecida e pegar um
caminho diferente todo dia. Vai ter sempre alguém para viajar contigo.
Conheci o valor de se aproveitar
cada momento, cada pedaço, fazer-se único sempre. O valor das palavras, do
toque, de uma cara safada, um sorriso maroto e um jeito de brincar. De
improviso, como quem dança um rock, sentindo a música, curtindo a festa. Em
qualquer canto e a qualquer momento quando se está coma a pessoa certa.
Descobri o prazer de ser sincero
e de ser cúmplice, despir corpo e espírito sem medo, sem receio, me deitar
desarmado, corpo em queda livre, voo preciso e só ter tempo para sentir. De
estar junto sempre, independente da distância e curtir a saudade que me atiça,
me embala, me ocupa na espera, me inspira. Descobri o prazer de, em tudo isso,
ser retribuído.
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